terça-feira, 2 de abril de 2013

Ainda não conhece "O astrônomo Brazilício"?

Em novembro de 2012 foi lançado o livro homônimo que resgata as observações astronômicas de José Brazilício de Souza. Nos dois meses seguintes ao lançamento foram vendidos 90 exemplares e ainda há muitos disponíveis. Apesar de ser escrito principalmente para o observador visual, conhecer o “astrônomo Brazilício” é fundamental para aqueles que desejam saber um pouco mais da história da observação astronômica brasileira bem como da própria história da astronomia catarinense. O livro traz alguns textos de divulgação publicados por Brazilício em jornais da sua época. Engana-se quem acha que o livro serve apenas para ser lido. Algo interessante são as observações comparativas de objetos celestes ou fenômenos que podem ser feitas atualmente por interessados na observação astronômica visual. De modo que os comentários do autor não são encarados como a palavra final para compreender o relato de Brazilício – novas


informações podem surgir a partir de observações ou pesquisa adicional, confirmando ou refutando o que está disponível no livro. No entanto, a publicação serve de guia para que o leitor saiba o que e como Brazilício relatou seus importantes registros.

Para adquirir o livro acesse o website:

http://www.geocities.ws/costeira1/livro.htm

ou escreva diretamente para o autor no email costeira1 at yahoo.com

Att.

Alexandre Amorim

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O dia em que o Observatório de Valongo registrou um OVNI

As informações abaixo foram extraídas do Livro "A Conquista do Espaço" (1960) p. 71-4 cuja autoria é de Júlio Minhan. O que me chamou a atenção foi a precisão de algumas informações dos astrônomos Mário Dias e Luiz Eduardo Machado, ambos do Observatório do Valongo. Cabe verificar se o Observatório ainda possui este relatório em seus arquivos. Júlio Minhan menciona a data "segunda-feira, 13 de junho de 1959", mas há um equívoco. Segundo informações do Boletim Informativo nº 11 da SBEDV, o avistamento feito pelos astrônomos do Observatório de Valongo ocorreu em 13 de julho de 1959. O Boletim cita também o jornal "Tribuna da Imprensa" edição de 14 de julho de 1959. Vejamos então, com detalhes, o relato do avistamento:

d) O caso mais concreto foi, sem dúvida alguma, o presenciado e divulgado por astrônomos do Valongo na segunda-feira, 13 de junho [sic] de 1959. Lemos como foi descrito o fenômeno:

"O Capitão Sílvio Vaz, professor da Escola Técnica do Exército, encontrava-se, às 22 horas de ontem, no Observatório de Valongo, da Escola Nacional de Engenharia, quando avistou um "disco voador" deslocando-se das proximidades da estrêla Gama Grou na direção da constelação do Índio. Imediatamente, correu ao telescópio, e, em companhia dos astrônomos Mário Dias Ferreira e Luiz Eduardo Machado, acompanhou a trajetória do disco.
A ôlho nu, segundo revelaram depois, o "disco voador" era três vêzes maior do que o planeta Júpiter. Tinha a forma de uma Cruz de Malta, encimada por uma cúpula de aspecto metálico. Nos braços da cruz, divisava-se como que um jôgo de lâmpadas verdes, como as usadas pelos navios. Expelia um jato das extremidades, o qual correspondia a um têrço do seu tamanho.
Visto dirigindo-se para a constelação do Índio, às 22 horas, foi observado, ao telescópio, o rumo do "disco voador". Seguiu para a constelação do Pavão e passou entre as estrêlas Alfa e Gama, do Cruzeiro do Sul (22h 20m). Rumou para a constelação de Arcus [sic] (22h 30m), quando desapareceu no horizonte.
Dêste modo, em 30 minutos, o "disco voador" foi notado percorrendo tôda a abóbada celeste. Não foi observado nêle movimento de rotação, mas sòmente de translação.
A atenção do capitão Sílvio Vaz foi despertada para a zona onde o corpo estranho se movia, porque se tratava de campo de astro. Na posição em que o disco foi visto pelo oficial, não podia estar localizada estrêla alguma até agora conhecida.
Vale ressaltar que é a primeira vez no mundo em que um "disco voador" é avistado de um Observatório. Todavia, devido à rapidez com que percorreu a trajetória, não foram feitas fotografias".
Não era possível um engenho, pois, além do capitão Sílvio, viram êste objeto os astrônomos Mário Dias erreira e Luiz Eduardo da Silva Machado e mais quatro homens, dois soldados da Polícia Militar e dois serventes do Observatório.
Os astrônomos citados enviaram à FAB um relatório que assim descreve o objeto: "O objeto apresentava-se no campo da luneta com o aspecto de um disco com uma saliência cônica na parte central e um jôgo de luzes verdes, separadas, formando, òticamente, uma "Cruz de Malta" com seis luzes em cada braço, totalizando 24 focos de luz esverdeada. O objeto não poderia, pelas suas características e deslocamento, ser confundido com qualquer corpo celeste conhecido.
A cúpula do objeto tinha um aspecto metálico e o jôgo de luzes verdes era semelhante à sinalização dos mastros dos navios. O "disco" emitia, também, um jato alaranjado de suas extremidades, dando, a ôlho nu, a impresão de que partiria em duas partes.
Os astrônomos foram unânimes em afirmar que o objeto estaria, pelo menos, a mais de 30 quilômetros de distância da Terra. Estaria, também, dentro das últimas camadas atmosféricas, pois, do contrário, as dimensões da "nave interplanetária" não seriam tão detalhadamente focalizadas pelo telescópio.
Outros detalhes: o jato alaranjado observado não era propulsor e sim, meramente luminoso. Teria função sinalizadora e assemelhava-se a um foco de holofote com luz variável entre o vermelho e o amarelo. Era emitido com certo intervalo de tempo".
[...]
"O mesmo "objeto voador" visto por três astrônomos do Observatório do Valongo, e detalhadamente observado durante 20 minutos, através de duas lunetas telescópicas, foi visto, também, por funcionários da tôrre de contrôle do aeroporto Santos Dumont, no mesmo horário, das 22h 10m às 22h 30m. O "disco", que se deslocava de Este-Nordeste para Oeste-Sudoeste, num rumo de 70 para 250 graus, teve sua trajetória acompanhada de binóculo por um observador da tôrre. Surgira pelo meio do campo, em vertical, desaparecendo por trás das montanhas do Alto da Boa Vista. Calcula o funcionário que o ponto luminoso, emitia uma luz azul-alaranjada, desenvolvida velocidade extraordinária, pois vencera todo o arco de sua trajetória em apenas 20 minutos.
[...]
... O fenômeno teve lugar e o erudito vice-diretor do Observatório Nacional, Dr. Muniz Barreto, mesmo sem acreditar ainda nos "discos voadores", assim o comentou: "É um fenômeno difícil, êste, de ser constatado. Teria primeiramente de ser registrado a ôlho nu, para depois serem sintonizados os aparelhos. Pessoalmente, só acredito na existência de tais objetos, vendo-os. Isto não quer dizer, todavia, que esteja pondo em dúvida a afirmação dos astrônomos Mário Dias, Sílvio Vaz e Luís Machado. Ao contrário, suas opiniões são abalizadas e devem ser postas acima de qualquer dúvida." Apesar de tudo isso, um membro do Conselho Técnico da Sociedade Interplanetária, que viu o mesmo objeto, disse que era um balão!
[...]
 O certo é que o astrônomo Dias afirma que não era balão: "Vi-o pelo primeira vez a ôlho nu e, posteriormente, com um telescópio de 200 vezes de aumento. Afirmo, pois, convicto, que o objeto avistado não era um balão.
- Éramos sete observadores no morro do Valongo, dois dos quais acompanharam o objeto a ôlho nu. Com nossa luneta, de 200 de aumento, fàcilmente reconheceríamos um balão. Ademais, à tarde, o vento predominante é o sudoeste - de sul para este - e o objeto estava-se deslocando em direção exatamente contrária à do vento. Não podia, por conseguinte, ser um balão".

Complementos em abril de 2014:

a) Reportagem do Jornal do Brasil de 14 de julho de 1959 sobre o episódio:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=030015_07&PagFis=104120

b) Reportagem do Última Hora:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=386030&PagFis=55515

c) Reportagem do Correio da Manhã:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=089842_06&PagFis=108280